quarta-feira, 1 de abril de 2009

Caso Columbine: Como aconteceu. Duvidas e explicaçoes!


Apenas uma agulha no palheiro? SHERYLGAYSTOLBERG As balas ainda ricocheteavam na Columbine High School quando começaram as acusações. As pistas haviam sido ignoradas: músicas góticas, capas pretas, videogames nos quais a palavra combate era escrita com K. Os xerifes não notaram os desvarios nos sites da Web. Os psiquiatras não perceberam a raiva oculta. Os pais não sabiam das bombas caseiras feitas com canos. Se ao menos alguém tivesse percebido os sinais de advertência, uma tragédia terrível poderia ter sido evitada. Esse é um pensamento reconfortante para uma nação amedrontada e pesarosa. Mas, visto pelo prisma da ciência, isso não é necessariamente verdade. De fato, se ainda resta alguma coisa a dizer sobre a recente tragédia de Littleton, no Colorado, talvez seja isto: a fria e dura realidade do massacre escolar mais trágico da história americana é que o episódio foi o equivalente estatístico a uma agulha no palheiro. Como eventos como aquele são tão raros, e como é impossível eliminar os riscos da vida, talvez não haja lições maiores a inferir nem meios de prevenir a sua repetição. Consideremos os números. O homicídio é a segunda causa principal de morte entre os jovens. Mas, de acordo com os Centros de Prevenção e Controle de Doenças, menos de 1% dos homicídios infantis ocorrem nas escolas ou nas suas imediações. Embora o número de disparos de armas de fogo registrados em escolas, com múltiplas vítimas - o tipo de incidente que atrai grande atenção da mídia -, tenha aumentado, recentemente, da média de dois para a média de cinco por ano, o total anual diminuiu. "A realidade é que as escolas são um ambiente muito seguro para as nossas crianças", disse o dr. Jim Mercy, diretor-associado para Ciências da Divisão de Prevenção de Violência dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. "Seria muito difícil prever ou identificar de antemão os tipos de crianças e a constelação de fatores que tenderão a levar a esse tipo de acontecimento." E acrescentou: "Eles são tão raros, o número de escolares é tão grande e nossa compreensão dos motivos que levam as pessoas a ser violentas é tão vago que essa tarefa seria muito difícil." Entretanto, existe o desejo de analisar, de compreender, de prevenir. Após tragédias como a de Littleton, onde dois adolescentes armados mataram 13 pessoas e depois se suicidaram, sociólogos, psicólogos e peritos em Direito Penal são interrogados pela mídia, na busca coletiva das falhas da sociedade, mais ou menos como os investigadores do setor de aviação procuram defeitos em lemes de direção ou linhas de combustível rompidas após um acidente de avião. Mas os riscos não podem ser eliminados. Cirurgiões exímios ainda matam pacientes. Furacões ainda destroem cidades. "Muitas coisas acontecem por acaso no mundo", observou o dr. John D. Graham, diretor do Centro de Análise de Riscos da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. "Para entender que não é possível o risco `zero' é preciso compreender que muitas coisas não são totalmente explicáveis." Essa afirmação é verdadeira em relação aos acidentes de avião e também em relação a disparos em escolas. Na semana passada, quando procuradores-gerais estaduais se reuniram em Jackson, no Mississippi, para uma conferência de dois dias sobre violência juvenil, as autoridades de Littleton enviaram uma mensagem tranqüilizadora: desde muito tempo antes elas estavam em boa posição para prevenir o massacre de Columbine. Seu condado já contava com um dos poucos centros de avaliação juvenil do país. As crianças recebem uma boa educação e cuidados de saúde. E um dos jovens atiradores, Eric Harris, já estava recebendo tratamento psiquiátrico. Entretanto, 15 pessoas morreram. A maioria das pessoas interpretou o episódio como um sinal inquietante de que um bom sistema falhou. O dr. Arnold Barnett, professor de Estatística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, afirma que pode significar o contrário: um bom sistema funcionou. "Esse caso poderia representar uma aberração", disse Barnett. "Até medidas com alto índice de sucesso, que em 99,9% dos casos evitam tragédias em potencial, poderão falhar de vez em quando. As pessoas procuram sentidos mais altos e tentam encontrar grandes falhas que poderiam ter causado grandes tragédias como essa. Mas isso nem sempre funciona dessa forma." Em vista da constatação de que vasto número de crianças em idade escolar porta armas, é surpreendente que esses tiroteios não ocorram com maior freqüência. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, 5,9% dos l5 milhões de alunos das escolas de segundo grau declararam ter portado uma arma nos 30 dias que antecederam uma pesquisa recente. "Contudo", ressaltou o dr. Jeffrey Fagan, diretor do Centro de Pesquisas e Prevenção da Violência da Universidade de Colúmbia, em Manhattan, "eles não disparam suas armas." "Quando se começa a pensar em risco", ponderou Fagan, " a conversa muda da guerra de cultura que está sendo travada sobre vídeogames, supervisão paterna e materna e a alienação dos subúrbios. Ela muda para um enfoque mais prático, que nos diz: `Às vezes, coisas ruins acontecem e nós nem sempre podemos explicá-las'." Quando peritos em saúde pública examinam os riscos a que os jovens estão sujeitos, os homicídios, que representam14% do total de mortes entre crianças, vêm em segundo lugar. A maior ameaça é representada por acidentes, principalmente automobilísticos, que são responsáveis por 42% das mortes de crianças. Segundo o dr. Graham, de Harvard, o "arrebatamento emocional" em relação a Littleton envolve um perigo: "Ele desvia as energias dos grandes riscos que os adolescentes enfrentam, que são o alcoolismo, acidentes de trânsito, sexo sem proteção." Entretanto, as pessoas anseiam por explicações e é inquietante pensar na possibilidade de que nem tudo está sob seu controle. "As pessoas têm necessidade de acreditar que vivem num mundo justo, para seu próprio bem e sua sanidade", considerou o dr. Melvin Lerner, professor de Psicologia aposentado da Universidade de Waterloo, em Ontário. "Ao deparar com coisas obviamente horríveis, passamos a procurar alguém a quem responsabilizar por isso." As pessoas também procuram identificar padrões. O massacre de Columbine foi o sexto tiroteio registrado em escolas, com vítimas múltiplas, nos últimos 18 meses. Se há aspectos comuns a esses casos, notou o dr. Fagan, consistem no fato de que todos eles envolveram armas de fogo, doença mental não diagnosticada e antigos ressentimentos dos atiradores. "Nenhum desses três riscos, separadamente, produz um acontecimento violento", ponderou. "É a sua convergência e interação que o produz." Na última década, o Centro de Controle de Doenças dedicou considerável atenção à investigação da violência como ameaça à saúde pública, tentando examinar as tendências. Mas suas pesquisas só arranharam a superfície, fornecendo informações sobre "o que", "onde" e "quando" dos tiroteios em escolas, mas quase nada se apurou sobre o "porquê". Agora os cientistas sabem que, entre 1º de julho de 1992 e 30 de junho de 1994, dois terços das vítimas de tiroteios em escolas foram os alunos; dentre as crianças mortas, 83% eram meninos. As mortes ocorreram em 25 Estados, em comunidades de todos os tamanhos. Menos de um terço dos disparos, 28%, porém, ocorreram dentro de escolas. "O que não conseguimos fazer", disse o dr. Mercy, do Centro de Controle de Doenças, "é traçar um perfil psicológico dos agressores, para analisar os pontos em comum." Há uma história muito conhecida sobre o dr. John Snow, médico de Londres que atribuiu a responsabilidade por um surto de cólera a uma bomba que vertia água contaminada. Ele removeu a alavanca da bomba. Seu gesto não limpou a água, mas pôs fim à epidemia. Da mesma forma, observou o dr. Alfred Blumstein, diretor do Consórcio Nacional de Pesquisas sobre Violência da Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh, há um meio simples de lidar com os tiroteios nas escolas: eliminar o acesso às armas. "As armas", enfatizou, "transformam um comportamento amplamente difundido entre adolescentes em tragédias." Também seria possível eliminar os videogames, ou a Internet, ou fechar as escolas, ou internar as crianças perturbadas. Mas isso simplesmente criaria outros riscos, considera o dr. Graham, como o de crianças sem supervisão ou vadias. Contudo, mesmo na ausência de soluções, segundo o dr. Lerner, a busca ainda pode ser útil. "Poder-se-ia argumentar", disse ele, "que essa é a única resposta racional."

2 comentários:

  1. columbine=bullying
    qundo se fala deuma lembra outra
    um dos maiores exemplos de casos de bullying
    n podia deixar de esta aqui...

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